Por: Pai Paulo de Oxalá em
Quando o Candomblé foi organizado aqui, no Brasil, as três principais nações ou segmentos étnicos religiosos (Kétu, Jeje e Angola) conservaram os seus idiomas originais, mas acrescentaram ao dia a dia palavras em comum aos três segmentos, como é o caso de se chamar as Divindades africanas de "Santo". A associação Santo-Òrìsà foi por conta da imposição da cultura dominante que obrigava os escravos a se converterem ao catolicismo. A palavra Òrìsà significa Divindade ou para alguns pesquisadores a palavra vem de Orí (cabeça) + Sà (Senhor) o que resulta em: "Senhor da cabeça".
De um modo geral, outras palavras também ficaram comuns ao uso diário no Candomblé, como por exemplo, Erê que vem de Siré (brincar ou fazer brincadeira). Erê ficou para indentificar criança ou Divindade infantil e Siré (xirê) para as festas públicas dos Orixás. Criança em yorubá é Omodé.
Aqué, que ficou para designar dinheiro, vem da língua Ewê, sendo o nome de um pequeno tambor feito de cabaça. Dinheiro em yorubá é Owó e em kimbundo, Njimbo.
Pessoas, situações, alergias a alimentos, tabus, coisas proibidas ou inconvinientes são chamadas de Uó que vem do yorubá Ewò ou no Kimbundo, Kizila. Outras que ficaram superpopulares são: Adé para designar o gay ou homossexual masculino que em yorubá é Asebíabo (Axebiabó) e Mona-ocó, para designar o homossexualismo feminino. Sendo esta última uma junção da palavra Kimbundo: Monan (filha) e do yorubá: Oko (homem). Já em yorubá, o homossexualismo feminino é Asebíako (Axebiacó).
Acarajé que vem do yorubá Àkàrà significa bolo ou pão. Temos ainda do Kimbundo a palavra Macumba, que por falta de conhecimento é usada de forma pejorativa para designar os rituais dos Cultos Afro-Brasileiros. Macumba vem de Mukumbu um instrumento musical semelhante ao reco-reco ou ainda Dikumba que significa cadeado ou fechadura. Poderíamos citar outras palavras que se tornaram jargões no Candomblé. Mas o que são os jargões?
O jargão é um tipo de código linguístico, sendo um conjunto de termos ou expressões comuns a um grupo de pessoas ou especialistas. Grupos especializados em economia, direito, informática, publicidade, jornalismo e de outras atividades na sociedade tem o seu código linguístico. Uma das características de um código é que, para ser compreendido, tanto o emissor como o interlocutor devem conhecê-lo muito bem. Na nação Kétu, por exemplo, Mutumbá, do yorubá Túnbá, significa reverenciar, curvar-se, render-se a. Daí a saudação Mo+ Túnbá + Àse! (Eu o reverencio com axé!).
Resumidamente, jargão é o modo específico de um grupo falar e o Candomblé como todo grupo organizado, tem os seus jargões ou Candomblecês.
Axé!
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/pai-paulo-de-oxala/como-surgiu-candombleces-jargoes-de-candomble-8405766.html#ixzz2TTDhmdo9
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